sábado, 28 de agosto de 2010

Tutankamon era filho de faraó com irmã, diz estudo


Resultado de uma união entre irmãos, este faraó frequentemente estudado tinha pé torto, lábio parcialmente leporino e certamente sofreu uma necrose no pé esquerdo, no qual um dos dedos não tinha osso, o que provavelmente lhe causava muita dor. Tutankamon fez de sua meia irmã sua mulher

Desde que a tumba de Tutankamon foi descoberta, em 1922, pelo arqueólogo Howard Carter e sua equipa, muito mistério envolve a vida e a morte do jovem faraó que governou o Egipto dos 9 a aos 19 anos, no século XIV a.C. Até pouco tempo atrás, os arqueólogos não sabiam quem eram os pais de Tutankamon nem a causa de sua morte prematura. Agora, uma equipa de geneticistas, liderada pelo arqueólogo Zahi Hawass, conseguiu solucionar uma parte significativa do quebra-cabeça.

Por meio do estudo do ADN de Tutankamon e de dez outras múmias que os arqueólogos suspeitavam ser membros da sua família directa, incluindo dois fetos mumificados encontrados na tumba do faraó, foi determinada com certeza praticamente absoluta (uma probabilidade de 99,99%) a identidade dos pais do mais jovem rei do Egipto.

Tutankamon foi fruto de um casamento incestuoso entre o rei Akhenaton e a irmã deste, conhecida como a Jovem Senhora (múmia KV35YL). A descoberta põe fim às especulações de que Nefertiti, a poderosa rainha egípcia de beleza legendária e uma das mulheres de Akhenaton, tenha sido sua mãe.

"Isso explica porque Tutankamon era um indivíduo tão frágil e mais suscetível a infecções, o que pode ter causado sua morte", diz Jamie Shreeve, editor de ciência da revista National Geographic, que acompanhou de perto o trabalho da equipa dentro da tumba do Rei Menino, em Outubro do ano passado.

O incesto entre os membros da realeza era comum no antigo Egipto, pois trazia vantagens políticas e mais poder aos faraós. Filhos de irmãos estão mais predispostos a defeitos congénitos. Tutankamon tinha pé torto e lábio parcialmente leporino. Uma enorme quantidade de bengalas e pedaços de bengalas foi encontrada na tumba do faraó. A análise da múmia de Tutankamon também indica que ele tenha sofrido de necrose no pé esquerdo, cujo um dos dedos não tinha osso. De todos os faraós, ele é o único ilustrado sentado ao atirar com arco e flecha.

"Este não era um rei que segurava um bastão como símbolo de poder. Ele era um jovem que precisava de uma bengala para caminhar", afirma Hawass.

É possível que a causa de sua morte tenha sido a malária, uma doença comum naquela região e época. Com base na presença de diversas cepas do parasita Plasmodium falciparum, foi comprovado que Tutankamon foi infectado pela forma mais grave de malária diversas vezes no decorrer de sua vida. No entanto, há cientistas que acreditam que, como a doença era tão comum no Egipto, o faraó pode ter desenvolvido uma imunidade parcial à malária. Por outro lado, a doença pode ter debilitado o seu sistema imunológico e ter levado a complicações numa fratura encontrada em sua perna - provavelmente causada por uma queda - e avaliada pela equipa, em 2005.

"Podemos descartar a teoria de que Tutankamon tenha sido assassinado com um golpe na cabeça", afirma Shreeve. Durante o exame da múmia do faraó, foi determinado que o buraco na sua cabeça foi resultado do processo de mumificação.

Apesar do estudo das outras múmias ainda não estar concluído, com base nos dados até agora examinados, há evidência suficiente para acreditar que a mulher de Tutankamon, Ankhesenamun, fosse sua meia-irmã, filha de Akhenaton e Nefertiti. Portanto, o jovem faraó era filho e genro de Akhenaton. Também é bastante provável que os dois fetos sejam de filhas do casal. Tutankamon e Ankhesenamun não tiveram outros filhos.

"De certa forma, os egípcios atingiram seu objetivo de serem transportados para uma vida após a morte. Sua preservação é extraordinária", diz Shreeve. A meta dos arqueólogos agora é descobrir mais sobre o ADN de Ramsey I e localizar Nefertiti, que, até hoje, não foi encontrada.

O artigo completo com mais fotos será publicado na edição de 31 de Agosto da National Geographic. Ele também pode ser acessado, em inglês, pelo link http://ngm.nationalgeographic.com/2010/09/tut-dna/hawass-text.

fonte: Terra

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